quarta-feira, 17 de outubro de 2018

O medo da democracia

A partir dos protestos populares de 2013 que tomaram as ruas de todo o Brasil sob uma égide não partidária, algo inédito na história brasileira, seguindo depois com os protestos a favor do impeachment da presidente Dilma, há um espasmo frequente na imprensa brasileira e setores da academia sobre uma possível ruptura nas instituições democráticas no país. Para fortalecer essa narrativa, na liderança das pesquisas de segundo turno (tendo ganho o primeiro com larga vantagem) está o candidato Jair Bolsonaro, tido como um case autoritário relembrando o regime de exceção de 1964. Relacionam-se entre si frases de Bolsonaro na Câmara de vinte anos atrás ou mais, para provar que a democracia corre um sério risco caso este seja eleito.

É de se estranhar que a grande mídia tenha medo desses movimentos populares, e agora de suas reações em prol de um determinado candidato. Quando a esquerda saiu as ruas os movimentos eram considerados legítimos e de militantes partidários, mesmo sendo sabido todo o esquema involuntário destes protestos, inclusive sendo pagos com o dinheiro da própria população contrária a suas pautas.

A democracia está na realidade se fortalecendo, e a maior mostra disso é o surgimento de movimentos que busquem reivindicar suas pautas sem o medo de serem taxados de tantos adjetivos pejorativos que a esquerda brasileira utiliza para amedrontar moralmente seus opositores políticos. Obviamente quando estamos passando por uma crise institucional do sistema político-econômico no país, essas reverberações em um período eleitoral se faz de modo mais contundente; nada fora da normalidade democrática, desde que respeitado o direito da livre expressão. Fatos ocorridos atualmente no Brasil, com a demonstração de uma cultura política mais viva e pela briga de propostas de grupos distintos, ocorrem em todas as democracias consolidadas como os EUA, Inglaterra, França e Alemanha.

Em nenhum desses países a sombra de um governo autoritário se pôs ao sol da liberdade, e pela declaração dos candidatos isto não irá ocorrer no Brasil, mesmo que isso fosse o que quisessem impor. Apesar da cultura da corrupção endêmica instalada nas instituições brasileiras, há ainda um judiciário independente, as forças militares estão apartadas da política, a sociedade civil está muito mais consciente através de mecanismos como a internet (em contraponto ao que a mídia tradicional quer fazer parecer com as chamadas fake news), a imprensa busca mesmo que com tropeços e senões cumprir seu papel de vigia e denuncismo perante a realidade do país, e por fim, cenário internacional não traz perigos iminentes, visto a derrocada de todos os regimes autoritários de esquerda que poderiam ameaçar a hegemonia brasileira.

Então está tudo ótimo por aqui? É óbvio que não, a democracia vai continuar exercendo seu papel de sempre eleger o menos pior, e cabe sempre a nós indivíduos e a sociedade civil se proteger do perigo maior, representado sempre pelo aumento do estatismo em relação as nossas vidas. O preço da liberdade é a eterna vigilância, como diria Thomas Jefferson.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

O campo da linguagem e a liberdade

Existem quatro entidades que exemplificam bem o que Hayek quis dizer como ordem espontânea: a natureza, a linguagem, o mercado e  a internet. Desses quatro campos, dois o homem criou (mercado e internet) e um desenvolveu ao extremo (linguagem). E é neste campo fundamental atualmente, a linguagem, que se segue o maior ataque a liberdade humana por parte de ideais coletivistas totalitários.

O interessante a se observar e relacionar entre esses quatro fenômenos é a total descentralização existente e o perfeito funcionamento caso essa descentralização não seja afetada por terceiros. Isso fica evidente em exemplos claros como a interferência humana em questões ambientais, desregulando os ciclos naturais, alterando toda a lógica pré-existente. No mercado ocorre o mesmo, com os ciclos econômicos gerados por BCs com sua expansão desenfreada de crédito, alterando todo um cálculo precificado de mercadorias e serviços que impactam a produção final gerando crises como em 2008.

Mas o que está sendo bastante afetada e está fora da pauta do pensamento libertário atual é o ataque a linguagem como forma de descaracterizar todo um tipo de pensamento racional que permitiu o homem alcançar níveis de qualidade de vida nunca antes almejados. O novo relativismo linguístico, pregado por grupos "progressistas" pós-modernos, na realidade não tem nada de novo. É o mesmo método empregado na distopia de George Orwell de 1984, a novilíngua baseada no duplipensar. 

Orwell demonstra naquele momento a vontade de qualquer totalitarismo coletivista em transformar o homem para o novo homem, remodelando não apenas seu modo de vida, mas como este pensa o mundo, ou melhor, não pensa. A novilíngua é uma não-linguagem, pois não permite ao indivíduo a se expressar. O mesmo objetivo está sendo construído pelos pós-modernos ao alterar a grafia do sexo das palavras, retirando a letra o ou  a e substituindo pela letra x. Obviamente quando isso ocorre, a funcionalidade da língua para se comunicar se esvaece, transformando-a em um amontoado de letras sem sentido e de difícil leitura.

Já é sabido que as formas tradicionais de ataque a liberdade foram desmascaradas, tanto na economia quanto na política, por dezenas de exemplos práticos e refutações teóricas até agora nunca contra-agumentada por indíviduos a favor do coletivismo e totalitarismo. Como estratégia de ação, partiram para campos em que é possível tornar questões objetivas em subjetivas e relativizar todo o conhecimento humano construído até então para um projeto político coercitivo e irracional. E um dos campos utilizados por esses grupos de indivíduos é justamente a linguagem, não por mera coincidência, mas sim por justamente ser esse campo no qual se da o embate e as discussões racionais a respeito da construção da realidade social ao qual queremos viver. 

Esta nova cruzada visa destruir não somente a liberdade dos indivíduos, mas também toda forma de pensamento racional em que a sociedade ocidental foi baseada, tanto filosoficamente com seus princípios éticos como cientificamente com seu progresso material. E a partir disso tentar novamente a construção de um novo homem, sem caracterizações individuais e diferenças de pensamentos para atingir uma igualdade utópica; um novo homem ao qual tem a sua igualdade referenciada por ter se tornado um gado irracional.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

O século XXI enterrará a política

Paul Johnson já se referiu ao século XX como o século dos políticos. E nunca na história da humanidade houve tantas mortes e sofrimento como ocorreu neste período. Ditaduras de todas as estirpes, comandadas por homens nos quais pensavam ter o poder da onisciência, tentaram fortemente conter o avanço social humano. Felizmente, ou infelizmente para milhões de indivíduos que pagaram com suas vidas, eles não conseguiram. 

Chegamos ao século XXI com a mais poderosa arma já inventada pelo homem, a internet. E a internet faz parte de algo maior que nos torna sapiente, a tecnologia. A possibilidade que nós temos em adaptar o ambiente para melhorar nossas vidas é algo único no universo (até então). E é justamente isso que fará com que o século XXI enterre a política tradicional como a conhecemos. 

A evolução política que tivemos no mundo ocidental é em grande parte fantástica. Saímos de meros macacos nas cavernas, passamos por períodos de longos autoritarismos atingindo o ápice do totalitarismo no século XX em contraposição a gotas de democracia no mundo. O indivíduo sempre foi atomizado perante a elite que detinha o poder, e continua sendo mesmo nos regimes ditos democráticos.

Porém, com o advento da internet, houve uma sinergia de acontecimentos que trouxeram uma esperança para a humanidade se livrar da coerção. Essa revolução silenciosa já está ocorrendo e demonstrando que o jeito tradicional de se fazer política, com votações regulares de dois em dois anos, aprovação de leis inúteis, regulamentações cada vez maiores da vida comum dos cidadãos, está com os dias contados.

Vários aplicativos de celulares escancaram a ineficiência de serviços públicos banais, com os quais a população sofre constantemente. E qual a solução do estado para estes problemas? Barrar as melhorias através de cada vez mais regulações que destroem a qualidade de vida e a potencialidade de criação de riqueza entre as pessoas. 

É em relação a este ponto que as pessoas em todo o mundo que são beneficiadas pela tecnologia, ao linkarem esta situação com a qualidade dos serviços prometidos pelos políticos, terão o estalo fundamental para acabar com essa máquina estatal podre e ineficiente. A política em si não será enterrada; o que sucumbirá é a política tradicional utilizada como forma de dominação e coerção.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Análise de conjuntura dos protestos de 15/03

Farei algumas análises da situação brasileira neste post, observando o meu ponto de vista a respeito das manifestações que ocorreram em todo país ontem.

Em primeiro lugar, diferentemente dos protestos feitos no meio do ano de 2013, o protesto de ontem teve um foco claro e específico: o governo Dilma e o PT. Essa posição demarcada pelos manifestantes já é um grande avanço politicamente, pois define temas, direcionando objetivamente ao que se pretende mudar no governo. Há um porém que compromete o fortalecimento do protesto frente o governo federal: a falta de um líder ou um partido que angarie esse descontentamento e o faça valer nas formas tradicionais da política, via instituições, ou pela eleição.

Pelo lado do Planalto e de seus militantes, há um nítido descompassamento entre o que se ouve nas ruas e as falas oficiais ou mesmo dos grupos que defendem o governo. Por este lado, não  se conseguiu perceber justamente a falta de uma participação firme da oposição nos protestos, seja na montagem ou propriamente na participação efetiva nas ruas. 

Assim, a artilharia usual dos defensores do governo, como uma mídia golpista, financiados pela oposição, filhotes da ditadura, não se encaixa e muito menos intimida o povo ir às ruas. Cabe aqui ressaltar o poder da internet na formação e união de ideias semelhantes, que antes de seu surgimento dificilmente poderia ser agrupada de maneira tão poderosa como nos dias atuais. Essa ferramenta possibilitou a convergência de discursos anti-governo há muito mais tempo do que parece, atingindo a maturidade num momento delicado pelo qual o país passa.

É importante dizer isso: a manifestação de ontem não é por um tema genérico como a corrupção. Não. O povo se cansou sim dos descalabros ocorridos na Petrobrás, mas novamente por um motivo simples; por mais que a corrupção seja algo a ser combatido, e todos sabem disso, de todos os partidos, deve ser combatido ainda mais a tentativa de um projeto de poder financiado exclusivamente por propinas de uma empresa pública brasileira, mantida pelos pagadores de impostos no Brasil.

Somem-se a esse fato tantos outros que provocaram esse estopim na população brasileira, criando a maior manifestação desde as Diretas Já, como: (1) estelionato eleitoral, (2) aumento de impostos, (3) disparada da inflação, (4)  crescimento pífio, (5) aumento do desemprego, (6) desindustrialização acelerada, (7)  aumento do dólar, dentre outros pontos que podem ser citados aqui, aumentando essa já longa lista.

No seio das manifestações pedia-se o impedimento da presidente, algo totalmente cabível juridicamente por esta ter participado por quase 10 anos no conselho ao qual tomava as decisões na Petrobrás. Politicamente, é óbvio que o momento atual difere-se drasticamente do período Collor, pois este não tinha o Congresso a seu favor e não participava de um partido de peso da política nacional. Dilma, por mais que o PMDB deu trabalho no final do primeiro governo e continua nessa escalada no início do segundo, ainda tem o apoio dos partidos da base aliada, e só por essa razão já se vê o impedimento distante de ocorrer. Mesmo assim, é legítimo pedir sua cabeça, principalmente os eleitores de Dilma, que foram enganados em grande parte pelo marketing da sua campanha, com promessas tomando caminho diametralmente oposto do prometido.

O impedimento está longe de ocorrer, porém há outra saída que está mais plausível neste cenário. E logicamente não se refere ao que 0,01% dos manifestantes ontem reivindicavam, a famigerada intervenção militar (Que aliás é rechaçada pela imprensa como golpe, porém também está na Constituição assim como o impedimento do presidente. Para isso, entretanto, seria necessário que a ordem institucional estivesse rompida, sobrando para os militares a defesa da Constituição. Como se pode ver pelo cenário atual, não é o caso disso ocorrer de forma alguma.). A outra saída palpável para amenizar os ânimos seria a renúncia da presidente.

Para isso ocorrer, é necessário uma agravamento tanto das condições políticas da Operação Lava-Jato, quanto das econômicas. E ambas as situações estão engatilhadas e podem ocorrer num futuro próximo. Pelo lado político, é fundamental que o governo não perca o apoio do PMDB caso as investigações peçam tanto a cabeça de Eduardo Cunha quanto de Renan Calheiros, que ocupam cargos de grande importância no cenário político brasileiro. Com o distanciamento do PMDB, principal partido do Congresso do PT, as chances de ruir a base aliada já gelatinosa são fortes. Assim poderia ocorrer uma paralisia nas funções políticas, com o governo sendo emparedado pelo Congresso, ficando literalmente de mãos atadas. Somada a isso, com uma economia cambaleante cada vez mais, o povo sentirá as agruras, tendo seu bem estar afetado, provocando manifestações ainda mais agressivas contra o governo. Neste cenário, para não haver uma paralisia nas decisões institucionais, a melhor via para a presidente é pedir a renúncia, acalmando tanto a população quanto a classe política.

O problema nesta última análise é não observar as características pessoais da presidente, conhecida por seu jeito gerentão e teimoso. Além de não observar a postura do PT e de Lula em uma hipotética renúncia, admitindo assim de forma clamorosa que a opção tanto econômica quanto política petista foi um erro drástico para o Brasil. Historicamente, Lula deixa para trás seus aliados caso veja nisso a possibilidade de salvar tanto sua imagem como legado, como ocorreu no Mensalão. Ele é o ponto principal nesta equação; caso ele se distancie e comece a jogar contra o governo, o ponto de instabilidade política pode tomar níveis dramáticos.



sexta-feira, 4 de abril de 2014

PT e a criação do Neocoronelismo

Militância vira critério para receber moradia do Minha Casa Minha Vida

Onze das 12 entidades com projetos aprovados pelo Ministério das Cidades são dirigidas por filiados ao PT; quem marca presença em protestos e até ocupações ganha prioridade na fila da casa própria em São Paulo


(...)

A partir de repasses diretos, as associações selecionadas pelo governo federal escolhem quem vai sair da fila da habitação em São Paulo. Os critérios não seguem apenas padrões de renda, mas de participação política. Quem marca presença em eventos públicos, como protestos e até ocupações, soma pontos e tem mais chance de receber a casa própria.

Para receber o imóvel, os associados ainda precisam seguir regras adicionais às estabelecidas pelo programa federal, que prevê renda familiar máxima de R$ 1,6 mil, e prioridade a moradores de áreas de risco ou com deficiência física. A primeira exigência das entidades é o pagamento de mensalidade, além de taxa de adesão, que funciona como uma matrícula. Para entrar nos grupos, o passe vale até R$ 50.

Quem paga em dia e frequenta reuniões, assembleias e os eventos agendados pelas entidades soma pontos e sai na frente. O sistema, no entanto, fere o princípio da isonomia, segundo o advogado Márcio Cammarosano, professor de Direito Público da PUC-SP. “Na minha avaliação, esse modelo de pontos ainda me parece inconstitucional, além de escandaloso e absolutamente descabido. Ele exclui as pessoas mais humildes, que não têm condições de pagar qualquer taxa ou mesmo de frequentar atos públicos”, afirma.

(...)

O cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV, ainda alerta para o um efeito colateral do esquema implementado na capital pelas entidades, que é a cooptação política dos associados, com fins eleitorais.
“O governo deve imediatamente intervir nesse processo e rediscutir as regras. Isso remete ao coronelismo. Além disso, a busca pela casa própria não pode ser um jogo, onde quem tem mais pontos ganha.”

segunda-feira, 10 de março de 2014

As regulações e seus efeitos caóticos na sociedade

Marcar carona pelo smartphone pode dar multa de R$ 5 mil


Aplicativos que permitem escolher o condutor a forma de pagamento de viagens fere a legislação, segundo especialista. Prática sem uso do celular também infringe a lei
Fugir do caos do sistema de transporte público e chegar ao destino confortavelmente no horário marcado é uma conta difícil de fechar na agenda muitos brasileiros. Os problemas de mobilidade embalaram os protestos de junho do ano passado. Mas conseguir uma carona rapidamente e usá-la como alternativa aos ônibus, trens, metrôs e táxis é a solução prometida por aplicativos de smartphones recém-lançados.
Os programas para telefones celulares permitem escolher o motorista, saber o valor quanto ele cobra pelo trajeto e até a forma de pagamento. Mas especialista em transporte público alerta que essa prática é ilegal, assim como outras formas de “caronas pagas”, com ou sem uso de tecnologia. As multas ultrapassam os R$ 5 mil, segundo o bacharel em direito e servidor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) Raphael Junqueira, que publica artigo inédito no Congresso em Foco, neste sábado (8).
Entenderam a lógica? Não é possível facilitar a vida do cidadão para ele chegar mais rápido ao trabalho, economizar e ao mesmo tempo agredir menos o meio ambiente, pois isso fere a Constituição. Fere a Constituição ou o lobby das empresas de ônibus paraestatais, as empresas de taxis e dentre outras tantas que estão no mercado de transporte "legalmente" e regulado pelo Estado, ao qual teriam prejudicados drasticamente seus lucros garantidos através de serviços pífios? 
Isso é o capitalismo neoliberal? Não, isso chama-se comumente de corporativismo, também conhecido por um nome mais pesado e que perdeu a sua conceituação clássica nos tempos modernos de tanta desinformação: fascismo.
A competição tão liberal, ou neoliberal para os mais acéfalos, do Estado brasileiro, é permitir que duas empresas disputem o mesmo setor. Para entrar nesse setor, mesmo que tenha melhor produto disponível, esse novo empresário terá que se ajoelhar pelo calhamaço das regulamentações burocráticas; e que obviamente, tornariam seu negócio inferior ao dos grandes conglomerados. 
A solução para o caótico trânsito brasileiro passa por duas palavras: mercado livre. E é isso que está nos mostrando os avanços tanto da tecnologia quanto da liberdade em se sobrepor a ineficiência estatal no seus mais diversos campos, deixando os burocratas e reguladores cada vez mais preocupados em como barrar essa nova onda de inovação e melhoria da sociedade.

domingo, 9 de março de 2014

O suposto racismo brasileiro e a imbecilidade dos que o pregam

De tempos em tempos vemos imagem como essa circulando nas redes sociais acusando o Brasil de um país racista:


Em cima somente vemos garis pretos do Rio de Janeiro, em contraste com a classe médica e branca encontrada na cidade de Curitiba. A análise chucra leva a crer a seguinte conclusão, os pretos, pelo racismo que ocorre no país não conseguem chegar a cargos de boa qualificação, relegando para eles apenas os trabalhos mais servis. (Aqui ocorre dois tipos de preconceitos: (1) o de que um trabalho é melhor do que o outro, ou, de que se você é médico sua importância na sociedade é maior da de quem é gari; (2) vemos várias mulheres na parte de baixo da imagem, e nenhuma na parte de cima. Deste modo, em segundos, some a outra falácia de que a mulher não consegue se equiparar ao homem no mercado de trabalho, para no momento ser focado apenas no quesito "racismo"; e não vamos contar com a questão de alguns amarelos no meio dos médicos, que sofreram amplas discriminações quando vieram para o país no início do século).

Por um momento essa análise é correta, e todos sentem indignação com tal fato. Mas paremos para pensar um minuto. A cidade do Rio de Janeiro possui uma população de pretos de 12,3% da região metropolitana da cidade, equivalente a 1.454.529 de pessoas (Síntese de Indicadores Sociais 2007. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só usemos o dado em sua análise grossa. É praticamente a população da cidade de Curitiba, que vejamos, tem apenas 2,8% de pretos em seu contingente (19,7% da população de Curitiba são negros ou pardos.). Os dados analisados dessa forma não são rasteiros e refletem uma outra realidade.

Não estipular conclusões sobre o porque de uns serem médicos e outros garis, mas abrir os olhos, ter o pensamento aberto sem uma viseira ideológica, isso faz com que o debate se faça de um modo mais interessante e construtivo.


sábado, 8 de março de 2014

O perigo que sempre nos assombra

Estamos em crise. A sociedade Ocidental está em crise e nem sequer soube disso ainda. Alcançamos um alto nível de vida para a maioria de todos os cidadãos, quebramos a barreira da tecnologia, inventamos um novo mundo totalmente digital e tecnológico. Mas estamos em crise. 

Nunca fomos tão livres quanto antes. Apesar de o mundo viver em grande parte sobre ditaduras sanguinárias, vemos avanços da liberdade dia a dia. Mas estamos em crise, uma crise existencial. Perdemos nosso parâmetro de análise com décadas de democracia instaladas e governo estáveis, que nos iludiram quanto a o que realmente é a liberdade. 

Uma crise começa quando um sistema de crenças está saturado e começa a ser questionado se realmente aquilo resolve os anseios dos indivíduos que o constituem. Não sabemos mais que estamos sendo vigiados e extorquidos dia a dia porque o Rei não está mais no seu trono por vontade divina, mas sim pelos votos e consentimento do próprio cidadão. 

Perdemos o foco de ser livre, e apesar disso, conseguimos avançar na liberdade, mesmo que esse texto pareça pessimista. Temos tudo o que queremos, e isso nos transforma em pessoas que não anseiam por uma maior vontade de viver, não sobreviver. Precisamos ter novamente um foco de luta, um foco para o que estão tirando de nós. Isso foi conquistado com muito sangue e suor, muitas vidas, homens, mulheres, crianças, que para a história são apenas nomes, registros em obituários, para a humanidade eles significam o maior frescor do que a liberdade pode nos proporcionar. 

É paradoxal, lutamos para ser livres, construímos sociedades livres, aumentamos cada vez mais nossa liberdade ao longo dos séculos, mas no horizonte temos a sensação de um mal estar, escuro e denso. Não é mais visível contra quem estamos lutando e contra quem devemos defender, mas essa guerra nunca deve ser esquecida. Sempre será a liberdade contra a tirania, e nunca devemos deixar de estar alerta.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Salário de domésticos sobe R$ 39 em um ano, e empregos no setor caem 10%


"Mesmo com o salário subindo abaixo da inflação, o setor de empregados domésticos teve queda de 52 mil vagas apenas em setembro, segundo divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (24). 

Enquanto a inflação acumulada em 12 meses é de 5,86%, segundo o IPCA, o rendimento médio do trabalhador doméstico apresentou aumento de 5,1%, na comparação anual (passando de R$ 761,52 em setembro de 2012 para R$ 800,50 em setembro de 2013). 

Porém, a taxa de ocupação nos serviços domésticos apresentou queda de 10,6% em um ano, segundo o IBGE. A Pesquisa Mensal de Emprego abrange as regiões metropolitanas de São Paulo, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre." 


Intervencionismo, acabando com empregos e beneficiando poucos há séculos.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Crédito nos bancos públicos deve subir mais que o dobro dos privados

"Crédito nos bancos públicos deve subir mais que o dobro dos privados

Pela primeira vez desde 1999, os bancos estatais devem terminar o ano respondendo por mais da metade dos empréstimos registrados no País

25 de junho de 2013 | 21h 33

BRASÍLIA - A expansão do crédito em 2013 ficará ainda mais dependente dos bancos estatais, que devem terminar o ano respondendo por mais da metade dos empréstimos no País. O fato não acontecia desde 1999. O Banco Central revisou nesta terça-feira a previsão do aumento do crédito nas instituições públicas este ano de 18% para 22%. É mais que o dobro da expansão de 10% esperada para os bancos privados nacionais, projeção que foi mantida pelo governo.
Nas instituições estrangeiras que atuam no País, o crédito deve crescer 8%, porcentual menor que os 12% previstos anteriormente pelo BC.

Se essas expectativas se confirmarem, o setor financeiro estatal terminará o ano respondendo por 50,6% do crédito no Brasil. Em maio, essa participação já estava em 49,4%. Um ano antes, era de 44,7%. Desde 2008, essas instituições têm aumentado sua participação de mercado, dentro da política do governo para estimular o consumo e o financiamento de empresas com recursos públicos.

O BC revisou a previsão de crescimento do crédito neste ano de 14%, estimativa feita há três meses, para 15%. O número significa pequena desaceleração em relação ao verificado nos 12 meses encerrados em maio, de 16,1%, quando o total emprestado atingiu R$ 2,486 trilhões – equivalente a 54,7% do PIB.

As revisões, diz o BC, refletem o comportamento verificado até maio. O crédito imobiliário, liderado pela Caixa, por exemplo, ao contrário do que se esperava, não desacelerou. Os empréstimos do BNDES também crescem em ritmo maior que no fim de 2012. O crédito rural, com grande participação do Banco do Brasil, também segue forte. A previsão do Banco Central para o crescimento nessas três modalidades, que respondem por mais de 40% dos financiamentos no País, passou de 16% para 20%.

Em relação às demais operações, representadas principalmente pelo crédito ao consumo, que deve ficar mais caro, a projeção de crescimento recuou de 13% para 11%. "O crédito para o consumo é o que mostra maior moderação", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
Dentro do crédito ao consumo, o destaque continua sendo o consignado, mercado dominado hoje pelos estatais BB e Caixa, que fizeram uma política agressiva de redução de juros no ano passado e dependem do aval do governo para voltar a subir suas taxas neste ano.
Para as empresas, o crescimento também tem sido sustentado pelo dinheiro do governo, que liberou mais recursos, principalmente por meio do BNDES, para tentar salvar o crescimento do País, cujas projeções já estão abaixo de 2,5%.

Para o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, os bancos públicos estão "dando goleada" nas instituições privadas, que encontram dificuldades em acelerar o crédito por conta da inadimplência. "A partir de junho, julho, a inadimplência deve voltar a cair, mas bem devagar, o que não será suficiente para os bancos privados retomarem de vez o crescimento do crédito." /COLABOROU GABRIELA FORLIN 


Fonte: Estadão

Notem as partes grifadas. A bolha econômica que o governo criou já está entrando em processo avançado, e ninguém na imprensa especializada está se dando conta desse fenômeno, que quando explodir irá arrebentar com a economia brasileira.

domingo, 23 de junho de 2013

Mercadante, Neoliberalismo e o Bolsa Família


Com a palavra, senhor Antonio Mercadante:

"Para o programa de renda mínima, há dois caminhos possíveis. Um é o caminho neoliberal, que entusiasma o Delfim, o Roberto Campos, o Friedman e tantos outros.... vamos fazer uma medida compensatória, que é dar uma quantidade de dinheiro e o sujeito que se vire. Não tem emprego, não tem política social, não tem sistema de Saúde, não tem sistema de Educação. (..) Eu sou contra esse caminho e acredito que nós temos que recuperar a visão do Estado cumprindo políticas sociais estratégicas, junto com a possibilidade de um programa de renda mínima."

MERCADANTE, A, em "Globalização Selvagem e o custo Brasil". in Silva, Luís Inácio Lula da (coord.) Custo Brasil: mitos e realidade. São Paulo: Vozes, 1996.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O Estado e a ineficiência de sua segurança.

"Onze delegacias tiveram neste ano média inferior a uma prisão por mês por mandato judicial. Até abril, 55,3 mil crimes violentos foram registrados nos 93 distritos policiais da cidade de São Paulo. Apenas 1,7 mil prisões foram efetuadas por essas delegacias após investigações - uma média de 3 prisões a cada 100 crimes violentos.
Os dados são inéditos e da própria Secretaria de Segurança Pública (SSP), levando em conta o número total de prisões efetuadas pelas delegacias com mandado judicial, um meio de medir a produtividade da investigação da Polícia Civil. Prisões em flagrante, feitas predominantemente pela Polícia Militar, não entraram na conta. Quatro tipos de crime foram considerados violentos para efeito de cálculo: homicídio, estupro, roubo e roubo de veículos.
No total, 55 distritos policiais têm taxa de prisão menor que a média da cidade. Delegacias de bairros nobres, como Morumbi (34º DP) e Jardins (78º DP), estão na lista das que menos prendem. Distrito com o maior número de crimes violentos neste ano, o Capão Redondo (47º DP) efetuou apenas 29 prisões desde janeiro, enquanto 1.512 casos graves foram registrados.
Do outro lado da tabela estão os 38 distritos que prendem acima da média e, mesmo assim, deixam a maioria dos criminosos impunes. O líder é o do Bom Retiro (2º DP), com média de 13 prisões para cada 100 delitos violentos registrados.
"Nossas instituições policiais têm problemas sérios para resolver crimes de autoria desconhecida. Principalmente homicídios, a maioria vira ?cold case?", disse o sociólogo Luiz Antonio Francisco de Souza, especialista em Segurança Pública." 

Fonte: Estadão.
Depois as pessoas falam que sem o Estado não haveria segurança, como que seria uma segurança privada e outras mil e uma perguntas. O que não percebem é que já não existe segurança hoje, atualmente, com o Estado. E isso contando que "teoricamente" a função estatal é de prover segurança e justiça. Parece que isso não está ocorrendo.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Darwin e a prática da 'Salami Science'

FERNANDO REINACH - O Estado de S.Paulo
Em 1985, ouvi pela primeira vez no Laboratório de Biologia Molecular a expressão "Salami Science". Um de nós estava com uma pilha de trabalhos científicos quando Max Perutz se aproximou. Um jovem disse que estava lendo trabalhos de um famoso cientista dos EUA. Perutz olhou a pilha e murmurou: "Salami Science, espero que não chegue aqui". Mas a praga se espalhou pelo mundo e agora assola a comunidade científica brasileira.
"Salami Science" é a prática de fatiar uma única descoberta, como um salame, para publicá-la no maior número possível de artigos científicos. O cientista aumenta seu currículo e cria a impressão de que é muito produtivo. O leitor é forçado a juntar as fatias para entender o todo. As revistas ficam abarrotadas. E avaliar um cientista fica mais difícil. Apesar disso, a "Salami Science" se espalhou, induzido pela busca obsessiva de um método quantitativo capaz de avaliar a produção acadêmica.
No Laboratório de Biologia Molecular, nossos ídolos eram os cinco prêmios Nobel do prédio. Publicar muitos artigos indicava falta de rigor intelectual. Eles valorizavam a capacidade de criar uma maneira engenhosa para destrinchar um problema importante. Aprendíamos que o objetivo era desvendar os mistérios da natureza. Publicar um artigo era consequência de um trabalho financiado com dinheiro público, servia para comunicar a nova descoberta. O trabalho deveria ser simples, claro e didático. O exemplo a ser seguido eram as duas páginas em que Watson e Crick descreveram a estrutura do DNA. Você se tornaria um cientista de respeito se o esforço de uma vida pudesse ser resumido em uma frase: Ele descobriu... Os três pontinhos teriam de ser uma ou duas palavras: a estrutura do DNA (Watson e Crick), a estrutura das proteínas (Max Perutz), a teoria da Relatividade (Einstein). Sabíamos que poucos chegariam lá, mas o importante era ter certeza de que havíamos gasto a vida atrás de algo importante.
Hoje, nas melhores universidade do Brasil, a conversa entre pós-graduandos e cientistas é outra. A maioria está preocupada com quantos trabalhos publicou no último ano - e onde. Querem saber como serão classificados. "Fulano agora é pesquisador 1B no CNPq. Com 8 trabalhos em revistas de alto impacto no ano passado, não poderia ser diferente." "O departamento de beltrano foi rebaixado para 4 pela Capes. Também, com poucas teses no ano passado e só duas publicações em revistas de baixo impacto..." Não que os olhos dessas pessoas não brilhem quando discutem suas pesquisas, mas o relato de como alguém emplacou um trabalho na Nature causa mais alvoroço que o de uma nova maneira de abordar um problema dito insolúvel.
Essa mudança de cultura ocorreu porque agora os cientistas e suas instituições são avaliados a partir de fórmulas matemáticas que levam em conta três ingredientes, combinados ao gosto do freguês: número de trabalhos publicados, quantas vezes esses trabalhos foram citados na literatura e qualidade das revistas (medida pela quantidade de citações a trabalhos publicados na revista). Você estranhou a ausência de palavras como qualidade, criatividade e originalidade? Se conversar com um burocrata da ciência, ele tentará te explicar como esses índices englobam de maneira objetiva conceitos tão subjetivos. E não adianta argumentar que Einstein, Crick e Perutz teriam sido excluídos por esses critérios. No fundo, essas pessoas acreditam que cientistas desse calibre não podem surgir no Brasil. O resultado é que em algumas pós-graduações da USP o credenciamento de orientadores depende unicamente do total de trabalhos publicados, em outras o pré-requisito para uma tese ser defendida é que um ou mais trabalhos tenham sido aceitos para publicação.
Não há dúvida de que métodos quantitativos são úteis para avaliar um cientista, mas usá-los de modo exclusivo, abdicando da capacidade subjetiva de identificar pessoas talentosas, criativas ou simplesmente geniais, é caminho seguro para excluir da carreira científica as poucas pessoas que realmente podem fazer descobertas importantes. Essa atitude isenta os responsáveis de tomar e defender decisões. É a covardia intelectual escondida por trás de algoritmos matemáticos.
Mas o que Darwin tem a ver com isso? Foi ele que mostrou que uma das características que facilitam a sobrevivência é a capacidade de se adaptar aos ambientes. E os cientistas são animais como qualquer outro ser humano. Se a regra exige aumentar o número de trabalhos publicados, vou praticar "Salami Science". É necessário ser muito citado? Sem problema, minhas fatias de salame vão citar umas às outras e vou pedir a amigos que me citem. Em troca, garanto que vou citá-los. As revistas precisam de muitas citações? Basta pedir aos autores que citem artigos da própria revista. E, aos poucos, o objetivo da ciência deixa de ser entender a natureza e passa a ser publicar e ser citado. Se o trabalho é medíocre ou genial, pouco importa. Mas a ciência brasileira vai bem, o número de mestres aumenta, o de trabalhos cresce, assim como as citações. E a cada dia ficamos mais longe de ter cientistas que possam ser descritos em uma única frase: Ele descobriu...