quarta-feira, 5 de abril de 2017

O campo da linguagem e a liberdade

Existem quatro entidades que exemplificam bem o que Hayek quis dizer como ordem espontânea: a natureza, a linguagem, o mercado e  a internet. Desses quatro campos, dois o homem criou (mercado e internet) e um desenvolveu ao extremo (linguagem). E é neste campo fundamental atualmente, a linguagem, que se segue o maior ataque a liberdade humana por parte de ideais coletivistas totalitários.

O interessante a se observar e relacionar entre esses quatro fenômenos é a total descentralização existente e o perfeito funcionamento caso essa descentralização não seja afetada por terceiros. Isso fica evidente em exemplos claros como a interferência humana em questões ambientais, desregulando os ciclos naturais, alterando toda a lógica pré-existente. No mercado ocorre o mesmo, com os ciclos econômicos gerados por BCs com sua expansão desenfreada de crédito, alterando todo um cálculo precificado de mercadorias e serviços que impactam a produção final gerando crises como em 2008.

Mas o que está sendo bastante afetada e está fora da pauta do pensamento libertário atual é o ataque a linguagem como forma de descaracterizar todo um tipo de pensamento racional que permitiu o homem alcançar níveis de qualidade de vida nunca antes almejados. O novo relativismo linguístico, pregado por grupos "progressistas" pós-modernos, na realidade não tem nada de novo. É o mesmo método empregado na distopia de George Orwell de 1984, a novilíngua baseada no duplipensar. 

Orwell demonstra naquele momento a vontade de qualquer totalitarismo coletivista em transformar o homem para o novo homem, remodelando não apenas seu modo de vida, mas como este pensa o mundo, ou melhor, não pensa. A novilíngua é uma não-linguagem, pois não permite ao indivíduo a se expressar. O mesmo objetivo está sendo construído pelos pós-modernos ao alterar a grafia do sexo das palavras, retirando a letra o ou  a e substituindo pela letra x. Obviamente quando isso ocorre, a funcionalidade da língua para se comunicar se esvaece, transformando-a em um amontoado de letras sem sentido e de difícil leitura.

Já é sabido que as formas tradicionais de ataque a liberdade foram desmascaradas, tanto na economia quanto na política, por dezenas de exemplos práticos e refutações teóricas até agora nunca contra-agumentada por indíviduos a favor do coletivismo e totalitarismo. Como estratégia de ação, partiram para campos em que é possível tornar questões objetivas em subjetivas e relativizar todo o conhecimento humano construído até então para um projeto político coercitivo e irracional. E um dos campos utilizados por esses grupos de indivíduos é justamente a linguagem, não por mera coincidência, mas sim por justamente ser esse campo no qual se da o embate e as discussões racionais a respeito da construção da realidade social ao qual queremos viver. 

Esta nova cruzada visa destruir não somente a liberdade dos indivíduos, mas também toda forma de pensamento racional em que a sociedade ocidental foi baseada, tanto filosoficamente com seus princípios éticos como cientificamente com seu progresso material. E a partir disso tentar novamente a construção de um novo homem, sem caracterizações individuais e diferenças de pensamentos para atingir uma igualdade utópica; um novo homem ao qual tem a sua igualdade referenciada por ter se tornado um gado irracional.

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